Eu seguia tranquila, sabendo que o coração já estava em outra direção há tempos. Agora apenas confirmaria. Seguiria firme, corajoso e sem receio pra buscar o novo, pelo qual já pedia há tempos.
Colocando o tênis e já com a mochila nas costas, pronta pra sair de uma vez por todas, eu olhava uma última vez pra trás. E lamentava, de certa forma, não o fim das coisas, pois tudo na vida vira pó. Mas o potencial do que tínhamos, comparando ao fim que levou. Que nem aqueles artistas que deslumbram o mundo com sua voz e de repente vão embora, de um dia pro outro, carregando nos seus 20 e poucos anos toda a intensidade de uma vida passageira.
No fim, depois de muito discutirmos pra ver quem ganhava o troféu (ou razão, como queiram), eu soltei a corda. Deixei você seguir com o que quer que você quisesse nas mãos. Que nem criança quando chora muito, damos um brinquedo qualquer, ou alguma coisa que ela esteja fitando, e pronto, temos paz e silêncio.
Junto com o troféu do qual você tanto fazia questão, levou também uma coisa pela qual eu não lutei. E, infelizmente, você não conseguiu descarregar por aí, em qualquer esquina. O peso na consciência. Esse, só de não levar pra casa (ou vida, como queiram), eu já estava realizada.
Talvez pertencesse mesmo a você. E não se encaixasse em nenhuma estante (ou cabeça, como queiram) que não fosse a sua.
Uma pena, eu dizia pra mim mesma. Segura por confirmar, mais uma vez, que confiança é algo raro. E não se acha por aí. E finalmente, quando eu cansei de procurar em você, você me provou que não existia.
Eu diria que você apressou a nossa morte como um artista às vezes apressa a vida nas drogas. Mas ele se eterniza. E nós não.
Depois do fluxo de consciência, eu fui embora. Seguir a luz que a vida me acendia. Porque sempre acende.
E você pensando que iria conseguir apagar todas.
Tudo bem. Conseguiu.
Mas não foi na minha vida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário