quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

O que há de bom na inveja.

Você já devia saber que sempre haverá esses maus elementos. Sempre que a tua felicidade chega ao pico, é preciso lembrar que a raiva de alguns também aumenta. Quanto mais alta for a escada, mais baixo será o que ficar parado no chão. Então, sempre que o teu bem-estar atingir níveis extremos, a inveja lá embaixo também atingirá. Então não se preocupe. Eu já disse e repito pra que você esqueça esse rastro negro que temem em colocar nos sorrisos mais felizes, e viva o que quiser viver. Pense pelo lado bom. Não é mais gratificante atingir algo quando se nada contra a correnteza? Quando há obstáculos no caminho? Assim são os invejosos. Fazem de tudo pra frear o teu êxito. Mas acabam tornando a linha de chegada um mar de rosas ainda maior. Afinal, não existe doce sem o amargo. Não há felicidade sem a lágrima. E não há prazer nesse mundo que se sustente sem a dor.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Sobre felicidade.

Felicidade, pensava ela, era gostosa assim porque era uma das coisas mais intangíveis que existiam nessa vida. E só vinha em ondas. Assim, de repente. Sensação de anestesia. Coisa invadindo mesmo. Chutando a porta de você e entrando como rainha, já conhecedora da casa que havia deixado por uns tempos. Talvez estivesse de férias...mas nao importava. Dessa vez chegara forte. Ou talvez fosse ela que estivesse fraca? Também não importava. O que realmente devia ser levado em conta é que a felicidade havia chegado. Era meio rosa. Amarela. Laranja. Quase um sol se pondo. Não! Nascendo. Sim, porque agora as coisas nasciam na vida dela. Fazia questão de aniquilar as velhas. Pois não eram lembranças. Eram lixo. Lixo podre. E no lixo havia dias, momentos, acontecimentos pontuais e, principalmente, pessoas.
Já havia feito a cova do ano de 2010. Orgulhosa estava só do finalzinho dele. Mas o final era tão disfarçado de 2011 que podia vir pra ala das coisas novas. E realmente importantes. E que todo o resto se apagasse. Era assim que pensava. Era assim que se sentia. E tinha todo, mas todo o direito.
Felicidade...repetia ela. Respirando um ar novo.
Felicidade. Parecia um fantasminha. Ela não via. Mas sentia a felicidade brincar com sua boca, colocando sorriso bobo e fácil. Ouvia a risada de dentro dela mesma. E sentia as cócegas que a vida agora lhe fazia.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Tempo rei

Ah, ela tinha saudade sim.
Dessas coisas que produzem sorrisos de graça. Tinha saudade de dormir até tarde. De sair pro sol e só voltar pra casa quando ele voltasse também. E, ainda por cima, tendo o prazer de degustar aquela longa despedida de todos os fins de tarde, para a qual a sua cidade sabia ser o melhor palco do mundo. Tinha saudade dos 18 anos que sentia não ter completado. Saudade da bicicleta na orla, com vento. E sem relógio. Saudade da cerveja com mesa na rua. Do futebol. Sentia falta de sair e voltar com a manhã lhe pedindo pra ir pra casa. Fazia falta também o cinema, não perder um filme sequer. Sentia saudade do namorado, pra quem nunca havia tido muito tempo. Até os dias de chuvas torrenciais faziam falta. Porque esses dias, ao contrário do que pensam, não são de tristeza ou tédio. São dias de lugar aconchegante, livro bom, todo mundo na mesma casa, baralho na mesa, conversa sem pé nem cabeça e a simples e prazerosa sensação de não fazer absolutamente nada.
Sim, alguns diziam que ela estudava demais. Que se preocupava demais. Que era irritada demais.
Mas ela sabia o que estava fazendo. E se tinha algo de que ela não abria mão, era de um objetivo traçado. Entrou na cabeça, pronto. Só sossega quando puder aplaudir toda a sua dedicação. Que leve meses, 1 ano, 2 anos, 3 anos. Isso não importava. O que queria era a conquista que havia saído pra caçar.
Mas isso era caro. E ela, assim como todos, não tinha energias infinitas. Torcia pelo fim disso. Há tempos que não se reconhecia mais. Pela cor pálida que já a incomodava. Pelo sono acumulado. Pela grosseria que às vezes saía de sua boca pra quem não merecia pagar por isso. Ela não era assim.
Era mais livre que isso.
Talvez fosse drama, pensava. Mas logo sentia que não. Estava no seu completo direito de pedir arrego. De implorar pela passagem rápida dos dias e dessa rotina já forçada, automática, desgastante e difícil. Sim, difícil. E não ouse dizer a ela que ela ainda não conhece as verdadeiras dificuldades da vida. Cada um atravessa os obstáculos de acordo com sua experiência de vida e/ou condição não escolhida. E enquanto fosse aquela menininha em crise, estaria exausta e não a enxergaria em seus próprios olhos castanhos, toda manhã quando se encarava no espelho. Até a imagem a incomodava. Porque dentro do corpo cansado, mas resistente, havia uma alma já em pedaços, gritando com todas as forças pela fuga.
Achavam que tudo isso era pela fase decisiva que atravessava nos estudos.
Mal sabiam eles...que, além da cabeça derrotada, da perda excessiva de peso que não havia procurado e dos olhinhos querendo dormir, o coração tinha dado trabalho esse ano. E pedia, com toda razão, por momentos de renovação, de ânimo e de vida.

"Já vai passar" , repetia baixinho, todas as noites, antes de dormir.
"Já está passando", respondia outra voz, alguém que ela não sabia dizer quem. Mas que a confortava toda vez que fechava os olhos.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Surto


'Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma. Até quando o corpo pede um pouco mais de alma.'

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Fim dos moldes

É um apelo. A única coisa que peço. É que este mundo aceite mudanças. Que não haja repressão quanto à personalidade. Que não haja depressão eterna e dramática pelo fim de um grande amor. Eu peço que aceitem, todos os dias, a mutabilidade da vida. Vocês sabem (eu sei que sabem), que a vida é um processo. E como tal, não permite estagnação. Definir-se É estagnação. Tem dias que você acorda com aquela espinha no rosto. Outros dias, parece que cresceu mais cabelo. Ou então, acordou mais magro. Às vezes acorda com uma vontade louca de comer doce. Outras vezes, acorda sem vontade de acordar. E quando o dia realmente começa, tem tanta gente nova que aparece. Mas o que eu quero destacar é aquilo que você teima em negar. Tenho certeza de que, a cada dia, suas vontades mudam também. Às vezes dá vontade de inovar. E você se prende. Porque toda uma platéia está a te vigiar. Por favor, esqueça. Por favor, eu peço que valorize a vontade de ser outro. Se isso não for prejudicar ninguém, faça. Reprimir desejos é a pior tortura que alguém pode fazer a si mesmo.

Valorize a mudança, meu amigo.

Porque já disse a Biologia.
Só evolui a espécie que muda.