sexta-feira, 30 de julho de 2010

Elo Imaginário

Noite. Avião. Pista. Esteira. Mala. Táxi. (Cansaço). (Saudade). (Ansiedade). Rua. Prédio. Elevador. Chave. Porta. Suspiro. Aconchego. Abraço. Sorriso. Choro. Beijo. Conversa. Beijo. Conversa. Beijo. Susto. Camisa. Marca. Batom. Perfume. Olhar. Lágrima. Raiva. Pergunta. Silêncio. Negação. Grito. Pergunta II. Negação. Desespero. Pergunta III. Explicação. Choro. Tapa. Empurrão. Choro. Silêncio.Tapa. Grito. Despedida. Porta. Silêncio. Sapato. Passo I. Passo II. Parada. Olhar. Tristeza. Cabeça baixa. Passo III. Tentativa. Desculpa. Negação. Decepção. Desespero. Passo IV. Joelho. Chão. Pedido. DesesperoCostas. De pé. Hall. Porta. BLAM. Coração. Cacos. Elevador. Térreo. Rua. Noite. Choro. Arrependimento. Bar. Álcool. Álcool II. Álcool III. Desequilíbrio. Rua. Praia. Areia. Desequilíbrio. Passos. Queda. De pé. Passos. Mar. Passos. Fundo. Escuro. Fundo. Ar. Tontura. Inspiração. Água. Superfície. Corpo. Horas. Corpo. Areia. Tristeza. Café. Jornal. Notícia. Xícara. Chão. Cacos. Grito. Choro. Porta. Elevador. Térreo. Rua. Corrida. Carro. Susto. BLAM. Sangue. Cacos. Fim. Amor.

domingo, 25 de julho de 2010

Poeminho do Contra .

Todos estes que aí estão
Atravancando o meu caminho,
Eles passarão.
Eu passarinho!


Mario Quintana

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Mudança de planos .

Uma quinta-feira sem sal. Dia de sol, muito sol. E uma dor enorme me impedindo de ir além da esquina- algo sobre o dia do futebol e aquela torção lenta pra melhorar. Conformada então a abrir mão da praia, o dia correu com tranquilidade e terminou de maneira inusitada, talvez nem tanto pra você.
Depois de muito reclamar que o tempo relaxante em casa não serviu pra fazer a dor passar por completo, comprometendo os planos de sair à noite, sentei no sofá com a pior cara do mundo pra assistir a um filme com a família. Como há muito não fazia.

Engraçado como toda a falta de atenção que tenho durante a semana caiu em cima de mim naquela hora.
Família é rotina. Todo dia o barulho da chave na porta. O jantar com histórias do dia, uma novidade ou assuntos do trabalho. O telefonema de quem vai chegar mais tarde. E o almoço demorado no domingo.
É mais. Muito mais do que nos habituamos a pensar. Às vezes o valor dá o ar da graça no susto de uma quase perda. Ou até menos que isso.
Outro dia vi um filme em que o pai dizia que quando teve seu filho, passou a ter a constante sensação de que precisava sobreviver. Eu acho que os filhos, não importando a idade, têm a confortante sensação de que possuem proteção. Por mais independentes que sejam. Por mais cliché que pareça.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Sobre precipitar-se .

Decidir nunca foi tarefa fácil. Falo aqui das decisões de verdade, que causam dúvida e demandam tempo. Não dos contrastes óbvios da vida, nos quais o caminho certo está piscando de verde. É preciso pensar com cautela para evitar precipitações. Claro, errar é possível - e preciso. Mas, livre-se da pressa e ingira paciência antes de decidir algo, e aí sim fique à vontade pra errar. Para os pseudo-carpe diem lifestyle, que escolhem pular de cabeça logo de primeira, é preciso lembrar que embaixo do perfeito espelho d'água podem existir pedras.
Não é só para adentrar situações que existe precipitação. Pra sair delas também. Deixar passar uma oportunidade também pode ser resultado da sua antecipação. Da impaciência. Da ansiedade. E então a coisa como era não volta mais. Você pode tentar algo parecido, prometer pra si mesmo que não vai repetir o engano. Mas, o que era antes não volta não. Chata essa ideia de irreparável. Coisa forte essa da vida acontecer em um só tempo.
Racionalidade antes da coragem, e estamos bem para andar ou cair.



domingo, 18 de julho de 2010

Feedback .

Cheguei no Rio sem vontade de chegar. O cheiro da casa e a mala por desarrumar vão me situando pouco a pouco no meu lugar, e as perguntas de praxe já me doem os ouvidos: " Como foi o churrasco? Conta aí ! Tinha muita gente? Saíram que horas? ". Nessa hora eu sinto um escrito coçando na testa: " Me deixem quieta. ". É que voltei encomendada pelo cansaço e por uma vontade mais forte que o normal de ficar sozinha. Engraçado como aqui em casa isso é a coisa mais estranha do universo e sinônimo direto de mau-humor. Então, entrei no quarto e exerci meus direitos invioláveis de ser cansada e só querer comer uma maçã e dar uma bela espreguiçada na cama.
Feito isso, estou aqui. E à vontade, agora, pra dizer que subir lá pro frio foi a melhor coisa que podia me ocorrer neste fim de semana. Faz um tempo que as coisas não caem como uma luva, mas dessa vez foi assim. Não havia nada que eu precisasse mais do que os amigos de sempre, uma boa cerveja e um violão nas mãos de quem sabe (lê-se Dudu). Tudo isso a uma certa distância daqui. E pronto. Deixem-me no meu estado de latência até segunda ordem. Um fim de semana foi o tempo ideal. Ainda mais quando tratamos do frio e minha implicância com ele.

O bom de um momento assim é quando você consegue também transportar a consciência para onde esteja indo. E eu estava precisando mesmo renovar os pensamentos e selecionar alguns pra ficarem por lá. Tento há alguns dias fazer essa faxina na mente, mas muita coisa por aqui já me desagrada. Um enorme passo foi dado então, com 90% de desligamento mental e novos ares pra respirar. Tudo bem, uns pequenos contatos e umas poucas mensagens desnecessárias e ponto final. Fiz ótimo uso da distância e vi como estava com saudade de alguns.

Pondo a cabeça em ordem pouco a pouco, vou acabando com a política isolacionista e curtindo o ritmo da casa. Se continuar assim, eu digo que a semana amanhã começa bem.
Como há muito não começava.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Dia branco .

É engraçado como sou tomada por todo o peso e tédio de um dia frio e chuvoso como esse. Preguiça, cansaço e um sono sem fim são os acompanhantes para a mais criativa aventura dos dias frios e chuvosos: assistir a filmes e comer sanduíches inventados ou um bom brigadeiro de colher. Célebre ritual dos que, assim como eu, sentem que daria no mesmo ter acordado ou não em um dia como o de hoje. Sim, o frio está para o Rio de Janeiro assim como um peso de papel está para um cachorro. O humor de grande parte dos cariocas varia com o aparecimento do sol e com a temperatura local. Não gostamos de dias nublados.
Mas, excepcionalmente amanhã, subirei a serra para passar um pouquinho mais de frio. Não há nada de mal em entrar na dança quando a outra opção é reclamar e esperar o calor confortante voltar. Um fim de semana gelado cairá bem se o objetivo for não deixar nenhum dia das minhas férias expressas passar. O problema do frio é que não importa que roupa adequada eu esteja usando, sempre há um incômodo, nos pés ou no rosto, com a brisa gelada.
Pelo menos há uma vantagem nos dias brancos. A minha casa parece 10 vezes mais confortável, e é nesses dias que eu vejo como deixo de aproveitá-la durante a semana. Passa da categoria de base com mantimentos e dormitórios no meio da minha correria, para o lugar mais aconchegante do mundo, recebendo minha preguiça e vontade de nada, o dia inteiro, sem reclamar.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Começou hoje .

Nunca fui da arte da retórica. Falar é pra poucos e ser reclusa sempre foi de mim. É claro que as coisas banais do dia-a-dia e a comunicação normal de quem deseja ser simpático compõem minha fala. Mas o intimista, não. Só que eu não sou isenta da vontade de expressão. Faz um tempo que a garganta tem sentido a vontade de gritar, e por muitos motivos só acumula palavra por palavra. Então, fiz deste espaço uma sala de gritos. As atualizações não serão frequentes e talvez, em breve, eu não precise mais escrever. Na verdade, isso aqui não deve resistir ao tempo dedicado ao vestibular, que ainda me atormenta esse ano. Mas, enquanto der certo e for necessário, alguma coisa vai falar de mim aqui. E por mim.
A fala pode ser inconveniente e, muitas vezes, sua vontade de falar não coincide com a do outro de ouvir. Já a escrita pode vir sem permissão, e ler ou não vai ser sempre um problema deles.
Salva, então, por essa forma pura, simples e silenciosa de expressão, eu reforço que falar não é pra todos. Escrever também não.