sexta-feira, 18 de julho de 2014

Quinta

Não sei bem o que se deve esperar de uma quinta-feira à noite, de bobeira, com cervejas. Não sei se música. Se barulho. Se qualquer coisa dessas que a noite convida a fazer. O que sei é que eu estava bem ali. Não havia barulho nem filme nem muvuca nem rock ou mpb. Havia você e eu rindo de qualquer bobagem que saía de nossas bocas. De vez em quando um beijo demorado instalava o silêncio que falava por nós. Tínhamos certeza de que amanhã seria sábado e nada importava mais do que ocuparmos quase o mesmo lugar no sofá. Algumas vezes eu não prestava muita atenção no que você dizia porque seu sorriso tomava todo o meu foco, que nem aquelas cenas de filme, tão lindas e imperdíveis, nas quais optamos por deixar a legenda pra lá um pouquinho e viajar nos detalhes da imagem. Cada vez menos, na verdade, precisávamos das legendas, um dia tão necessárias. Estava mais fácil entender você ao te observar, como se, finalmente, houvéssemos achado nosso dialeto em comum e - pasmem- dava pra falar em silêncio com ele.

Eu percebia que a leveza, cujo sumiço eu tanto lamentava, estava bem ali na minha frente. Só precisava de você, um sofá e um bom papo de quinta-feira à noite pra eu lembrar, sem mistério, o que é ser feliz plenamente.