domingo, 23 de outubro de 2011

Dois cafés e a conta

Era engraçado ver como o tempo havia passado. Por fora, você havia mudado. Por dentro, eu nunca saberia. Já de mim, eu falava das mudanças interiores. Enquanto por fora, era ainda igualzinha. Tudo bem, ainda era tímida e desajeitada. Pois se não ficasse vermelha (roxa, azul, quem sabe) e não deixasse cair o café um pouquinho que fosse, definitivamente não seria eu. E falávamos da vida. Da vida de agora e alguns flashes da de antes. E eu ria. E te fazia rir com as coisas mais bobas que fossem. Andaria pelas ruas do Leblon quanto tempo quisesse. Porque o tempo, na verdade, nunca andava no seu ritmo normal quando eu estava com você. Saía correndo tresloucado, como se tivesse raiva da nossa descontração. E era assim. Em algumas horas era impossível eu te contar todos os detalhes do que eu pensava agora.
Todo mundo espera muito de sábado à noite. E eu não esperava muito mais do que um bom papo como aquele. 
Mas, se tivéssemos tempo pra uma cerveja, eu faria um brinde.
A você, todo o meu carinho.
E a mim, mais doses de maturidade como as que a vida vinha me oferecendo.

domingo, 16 de outubro de 2011

Esconderijo

Eu não queria voltar por nada. A chuva de São Paulo, os cimentos de São Paulo e o movimento de São Paulo nunca foram tão acolhedores, tão o meu lugar. Aí eu penso direito e vejo que o meu lugar, atualmente, poderia ser também Guaporé, Timbaúba, Conchinchina ou Paris. Qualquer lugar que não fosse minha casa, e que não tivesse os trejeitos da cobrança. Eu poderia ficar aqui, tranquilamente, existindo. Invisível, longe desse mundo um pouquinho que fosse. Talvez só sobrasse meu interior para estar à vontade. E aí eu vejo que nem aqui dentro eu vou dormir tranquila. Definitivamente, meu corpo não era o melhor lugar para estar agora.

No fim das contas eu não estou em lugar nenhum. Me escondi por aí e não faço a menor ideia de onde eu possa estar andando.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Relicário



E se há algum vínculo, eu vou lutar por ele. Vou querer saber de você, da sua vida. E quando te vir passando, ainda vou sentir o frio na barriga. Não é porque o amor foi embora que nós, enquanto carinho e bem querer, temos que ir também. Aquela tênue ligação, frágil como a linha de um telefone sem fio, vai ser protegida por mim todas as vezes que eu sentir a sua voz indo pra longe. Me falta ar toda vez que penso na memória indo embora. Não deixe que vá.
Eu e você somos duas lembranças que o tempo não há de tocar.