terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Nosso Carnaval

Ninguém chora, não há tristeza. Saímos na rua sonolentos do dia anterior e felizes pelo dia que se inicia. Passamos por príncipes, princesas, palhaços e bailarinas. Abelhas e joaninhas, confetes e serpentinas. Fadas, smurfs, mascarados e mascaradas. Palestinos abraçando israelenses e tem também a melindrosa, a cigana e o jogador. Entramos no clima vestidos como der na telha. Qualquer personagem que tire de nós o peso de sermos nós mesmos por um longo período de tempo. É no Carnaval, então, que vestimos a camisa da felicidade, e saímos nas ruas rindo do calor, do trânsito, dos pisões e empurrões, do banho de cerveja e até do dinheiro curto no fim do dia. É no Carnaval que brincamos com o motorista, com o policial e com o vendedor. E não há sorriso que se aguente sério nessa época do ano. Não se chora por ninguém quando se corre atrás do bloco, e quem sabe não se encontra um amor desses por aí.
E com a voz rouca, a cerveja gelada e os pés já doendo de andar, brindamos juntos e cantamos em uma só voz como a vida é bonita.
O Carnaval não é irresponsabilidade, corpo mole e nem mais um feriado no qual comemoramos o tempo livre do trabalho. Mas é sim uma forma de celebrarmos o sorriso. 
E aí, assinamos todos, num consenso facilmente conseguido, nosso contrato com a felicidade, tendo a certeza de que vale a pena rir por nada.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Fim de tarde

De fato, a minha felicidade dos fins de tarde em Ipanema era inegável. Quer dizer, não tínhamos lá muitas preocupações quando nos víamos. Simplesmente, assinávamos nosso contrato de paz e harmonia e íamos curtir o fim do dia como havia de ser. Depois de nossos problemas pessoais diários, como qualquer ser humano que se preze, alguma sintonia se instalava e ríamos juntos de qualquer bobagem dita. Sim, porque eu era espontânea e bem risonha perto de você. 
E não havia cobrança. Só um companheirismo gostoso de se viver, suas ondas e meu bom livro ali por perto. E então o tempo voava. Como se sentisse inveja da nossa descontração, o tempo tratava de correr e, depois, quando eu me via sozinha, uma pontinha de saudade me fazia confusa e feliz.
Gostávamos de samba, de uma boa cerveja gelada, de comida japonesa, de festas e de gente, de praia, de mar e das tardes do Rio.
Alguns pontos se desencontravam, porque coisa perfeita é sempre chata demais.

E então, quieta no meu canto, eu desejava em algum subconsciente desses aí (que a gente não sabe muito bem explicar do que é feito), que você e sua leveza estivessem por perto. E que, enquanto fosse bom assim, eu pudesse tomar minha dose de você e causar alguns sorrisos enquanto fosse capaz. Já que os meus, agora, brincavam no rosto sem que eu nem me esforçasse pra isso.