domingo, 24 de outubro de 2010

Não serei escritora dos amores passados.
Não direi o que penso, porque as palavras saem cortanto. Elas cobram pedágio para estar aqui.
Queria conseguir transmitir a você, leitor, o que sinto agora. Ou melhor, o que não sinto. Estou numa estranha insensibilidade. E, o que é mais estranho ainda, pareço estar em uma aguda felicidade.
Sinto que consegui recuperar todas as partes de mim. Pois eu estava dividida. E agora estou egoísta. Mas posso, não posso?
Me dói quando a cabeça pede pra pôr em palavras os acidentes do coração. É tarefa árdua. Requer força. E muito controle. Sangue frio também. Pra não se assustar quando a palavra (mesmo escrita por minhas próprias mãos) me revela algo que nem eu mesma sabia que guardava em mim. Angustiada. São pequenos golpes quando a escrita toma vida própria e faz das minhas dores um filme pra mim mesma. Como uma desgastante e aterrorizante palestra de 'como aprender com suas quedas e, depois, arriscar cair de novo'.

Tudo isso me consome. Martiriza às vezes.
Mas me preocupa muito mais agora a estranha neutralidade que estou vivendo. Me tenho toda pra mim agora. Estou fria. Mas feliz. Isso é ruim? É que sinal?
Sinto os pés pisarem o chão, um pouco trêmulos, como se eu tivesse voado esse tempo todo. E, agora, tivesse que reaprender a andar um pouquinho.
Hoje, não vou tomar a dose de frescura pra escrever o coração aqui.
Pra escrever os rostos que atordoam minha cabeça.
Pra escrever as saudades que atordoam meus olhos e garganta.

Um comentário:

  1. "Pois eu estava dividida. E agora estou egoísta. Mas posso, não posso?"
    Perfeitamente.
    Adorei suas palavras luiza, lindas.

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