sexta-feira, 22 de julho de 2016

Insônia

O que mais gosto nessas noites insones é o silêncio da casa. Nenhum ruído além das engrenagens da cabeça e barulho do estômago vazio. Olho pro nada, lembro do dia de ontem que acabou agora há pouco e me vem uma sensação ruim de improdutividade. Penso no dia que chega já já e me vem uma urgência pra cair no sono logo.
A insônia é um pouquinho desse limbo de angústia, em que a gente pensa no dia que passou e no cansaço do que está por vir, mas o agora-agorinha é só a passagem entre os dois mesmo. Ambos os pensamentos se confundem com o hoje. Porque um é sobre ontem, o outro sobre amanhã e mal sabe a gente que é o Hoje o único marcapasso do coração. Os insones coitados estão de passagem. Confusos no tempo da madrugada quietinha.
Passei a semana com insônia -só pode - já que lamentei o ontem, temi o amanhã e nem me dei conta de que o agora passou por mim gritando desesperado que era o único capaz de ditar o ritmo das coisas.
Quero dormir pra ir ao encontro do Agora. Mas me pego rindo ao lembrar que o Agora nunca precisou de sol nascendo pra acordar. Nem dos meus olhos fechados pra chegar.

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