terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Feliz por nada

Meus dias agora eram assim. As minhas preocupações beiravam o ridículo. Eu tinha que estar atenta se a minha cadeira estava bem posicionada sob o sol ou se a cerveja estava gelada o bastante para acompanhar as lindas tardes do Nordeste. Me preocupava se a foto havia saído boa ou se aquela mensagem que eu tanto esperava de você já havia chegado. Sim, porque tinha você. Do nada. Como parte do pacote de verão deste ano, pra me trazer mais sorrisos e um bocado de saudade, diga-se de passagem. E minhas tardes se sucediam com muita paz, tranquilidade e um tanto de ansiedade pra receber qualquer sinal de fumaça seu. E você se encaixava perfeitamente no que eu agora escolhia como parte de minha felicidade. Estar feliz pelo simples motivo de motivo nenhum.
Martha Medeiros, autora do livro cujo nome é o título desse texto disse bem: 

"Particularmente, gosto de quem tem compromisso com a alegria".

E eu tinha todo o compromisso do mundo agora. Com hora marcada, contrato assinado e reuniões diárias com o sorriso mais sincero que existia em mim.

sábado, 17 de dezembro de 2011

Novo

Em nome de toda a felicidade, de todo o sorriso que meu rosto estampava agora e das chuvas de verão que tentavam refrescar o Rio, eu aplaudia a vida de pé. Era bom sentir de novo a sintonia. O fluir dos dias na mais perfeita paz e satisfação pelo quanto a vida tinha me acrescentado nesse ano tão atípico. E eu me sentia seguindo à risca o tal clichê "ano novo, vida nova" porque, de fato, me deixava invadir pelo ar de renovação.
E, se você ainda me lê, saiba e lembre que eu devo a você metade de todo o choro e todo o riso desses dias. E que não te falte nunca dias bons e produtivos. Nem carinho. Nem sorriso. Até dor, bem de levinho. Porque não há prazer nesse mundo que se sustente sem a dor.

Dá saudade em mim, confesso. Dói um pouco a sua ausência. Mas é impossível estar vazia com a vida se ajeitando.
Nenhum amor pode ser maior que o amor próprio.
E esse, agora, aflora como eu nunca assisti antes.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Apesar de você

"Apesar de você...", eu seguia dizendo. E parava a frase sempre no mesmo ponto. No início, quando eu tentava completá-la, não fazia sentido algum. Algo como: " Apesar de você, a felicidade foi embora". " Apesar de você, a saudade tem me arranhado o peito". Simplesmente, a tristeza não me deixava pensar. Não permitia coerência da fala. Não me deixava olhar pra frente, nem pra cima. Era só chão e chão. E quando eu conseguia voltar os olhos lá pro céu, via era chuva em dia de sol.
Até que um dia, a chuva deu uma trégua. No outro dia, nem sequer apareceu. E dias e dias se seguiram. Eu parei de reclamar. E outros sorrisos viram, então, terreno fértil pra se aproximar. Outros rostos, outras vozes. "Apesar de você, a vida segue", falei como que por impulso. "Apesar de você, eu ainda rio sem motivo".

Veja bem, o amor não foi embora. Ele só muda de cara, e se adapta a cada par que chega de mansinho pra adoçar a nossa vida. Nunca fomos um do outro. Vida e corpo, sempre nossos. As pessoas vão embora. O amor fica inteirinho. Prova disso é a saudade que aperta e torce a garganta. Mas tem nada não. Sem amor, não vale a pena. E quando dói demais, alguém dentro de mim fala ou canta novamente:

"Apesar de você, amanhã há de ser outro dia"