"Apesar de você...", eu seguia dizendo. E parava a frase sempre no mesmo ponto. No início, quando eu tentava completá-la, não fazia sentido algum. Algo como: " Apesar de você, a felicidade foi embora". " Apesar de você, a saudade tem me arranhado o peito". Simplesmente, a tristeza não me deixava pensar. Não permitia coerência da fala. Não me deixava olhar pra frente, nem pra cima. Era só chão e chão. E quando eu conseguia voltar os olhos lá pro céu, via era chuva em dia de sol.
Até que um dia, a chuva deu uma trégua. No outro dia, nem sequer apareceu. E dias e dias se seguiram. Eu parei de reclamar. E outros sorrisos viram, então, terreno fértil pra se aproximar. Outros rostos, outras vozes. "Apesar de você, a vida segue", falei como que por impulso. "Apesar de você, eu ainda rio sem motivo".
Veja bem, o amor não foi embora. Ele só muda de cara, e se adapta a cada par que chega de mansinho pra adoçar a nossa vida. Nunca fomos um do outro. Vida e corpo, sempre nossos. As pessoas vão embora. O amor fica inteirinho. Prova disso é a saudade que aperta e torce a garganta. Mas tem nada não. Sem amor, não vale a pena. E quando dói demais, alguém dentro de mim fala ou canta novamente:
"Apesar de você, amanhã há de ser outro dia"
lindo, lu! de verdade!
ResponderExcluir"Água nova brotando e a gente se amando sem parar"
ResponderExcluir