Tive um Domingo de ressaca. Doses de pensamentos queimaram minha garganta dia após dia durante a semana. Tão fortes quanto álcool purinho, pensamentos desceram meu esôfago sem pena. Pingamentos. Arderam o estômago, depois anestesiaram o cérebro e eu, bêbada, segui a semana virando doses das reflexões que degustei por aí. Como uma adolescente desregrada, eu quis mais. "Mais uma, por favor!", eu dizia à vida. E ela atendia, queimando meus neurônios com a aguardente mais alcoolica que encontrou no mercado: os diálogos comigo mesma.
Um dia, segui com minha marcha ebriosa para o lugar preferido dos trêbados na madrugada: minha cama. Foi aí que a vida, como uma amiga sem limites naquelas festas de jovens sem lei, me agarrou pela boca e enfiou goela abaixo mais uns goles de água de fogo. Por essa, não pedi. Eu queria parar de me afundar na própria mente, mas a vida achou que eu precisasse me machucar. Levei um tombo da própria altura e machuquei bem na altura do peito.
Estou de ressaca. Não tão lindos quanto os de Capitu, meus olhos estão vermelhos e inchados. Todos os músculos doem do trem-bala que me atingiu. Morrendo de sede, vou hidratando a alma, reagindo aos poucos a este brinde final.
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