Tenho a mania de querer dizer tudo. Qualquer coisa que angustie ou que me deixe feliz, lá vou eu falar sobre. É bom ser transparente. Tanta coisa boa já me ocorreu por causa disso. É bom abrir o peito e a boca pra tirar de dentro uns pensamentos tóxicos e dizer as coisas das quais discordo, principalmente. Mas ser assim tão nua já me fez perder grandes oportunidades de permanecer calada.
O silêncio é o carinho que a alma precisa às vezes. Muita palavra dita no calor de uma resposta pode parecer um detox instantâneo, mas tantas e tantas vezes volta maior e com mais dor pra um canto qualquer escondido no corpo. E aí vai te causando o mal estar tardio que você jurou ter evitado. Aquela náusea chatinha de uma coisa que na hora parecia a pílula da renovação. Que nem ressaca de droga, que vai corroendo o corpo depois de horas infinitas de uma sensação gostosa.
Teste sair de fininho. Vá deixando pra trás o que não pede o seu gasto de energia em longas e intermináveis conversas, mas simplesmente um desapego quieto, calado, discreto e final. Como naquelas festas das quais você quer ir embora, mas falar com todo mundo e explicar que já está indo é tão mais desgastante do que simplesmente ir. Só abrir a porta e ir.
Tenho a estranha mania de, ao avistar a porta, dar meia volta pra dizer sei lá o que pra uma multidão que não ia nem notar o meu sutil movimento. Discorro sobre ir embora da vida de quem eu não sei nem se chegou a notar minha chegada. É curioso esse gasto de energia em um simples abrir de porta. Preciso parar. Esqueço, bobamente, que sempre pude andar até a porta. Que ela sempre esteve lá, à vista. E a chave sempre esteve aqui no bolso. É só ir.
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