Chegar na primavera e ver um jardim imenso, colorido, transbordando de flores, é de brilhar os olhos e encantar de cara. Apaixona o coração de quem teve a chance de ir cheirar ali, quase sugado por um perfume desconhecido e intenso. Mas é preciso lembrar da flor que é regada, dia a dia, e que a gente chega até a esquecer que ela também desabrocha. Quietinha, ninguém a viu chegar.
Mas desabrocha. Aí a gente se espanta com a beleza no meio do que, um dia desses, era terra. E fica de cara com o quanto ela dura ali na mesa da sala. E vai durando. Uma coisa tão pequena, que eu mesma não vi chegar. E vai durando. E causa apego de modo que sem ela a mesa da sala nem é mais tão bonita.
A flor não-arrebatadora apaixona devagar.
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