Eu procurava no seu rosto os sinais de qualquer mudança que o tempo pudesse ter feito. Gostava de te observar enquanto falava, porque fazia bastante tempo que não sentávamos numa mesa de rua pra papear sobre a vida que acontecia ao vivo.
No início, senti tensão. Mas depois de muitos brindes, já ríamos bastante das nossas próprias e ordinárias vidas.
Assim como eu, você não gostava de encarar enquanto falava. Desviava o olhar como quem sofre um tantinho com a timidez, mas nem por isso deixava de estar bem ali.
Notei suas pupilas enormes. E enquanto você ria (o tempo todo ríamos) e tentava me explicar que aquilo era constitutivo, eu já estava admirando aquele risquinho de íris verde que agrada a quem nota.
No fim, o sono já perturbava e, como toda noite que se preze, já tínhamos feito amigos. Daquele tipo de amigo efêmero, mas que ali, com os copos cheios, são sempre os melhores amigos do mundo.
Eu tinha prometido rir mais esse ano.
E depois de tanto desabafo, depois de você me ouvir (porque eu precisava ser ouvida nessa sexta) e falar também as suas histórias que divertiam; depois de cogitarmos rodar o Rio; cair na Lapa; ver o sol nascer e todas essas coisas que se pensa no meio das cervejas, me vi satisfeita. Porque fui embora com o corpo e a mente bem mais leves do que quando cheguei.
O rosto e a alma rindo juntos.
O rosto e a alma rindo juntos.
Obrigada.
Boa Lu. Sua narrativa que sempre deixa o leitor num imaginário,(ou compondo
ResponderExcluirimagens) entre a ficção e a realidade do texto!