domingo, 8 de agosto de 2010

Desfibrilador

Eu quero ir com tudo pro final desse ano que mais parece uma década. Levantar e dar a arrancada que estava esperando, deixar o mais triunfante pro ato final. Voltar a me reconhecer com toda a vontade que alguém pode ter dentro de si. Muita queda já aconteceu. Aconteceu também vontade de largar tudo. Muita queda foi culpa minha, culpa da fraqueza que não trabalhei pra ir embora logo. Mas pouco da queda foi também dos outros; alguns que me puxaram pro ponto de partida quando eu já me sentia na chance de ganhar. Não há coisa melhor do que sentir a energia retomar os batimentos cardíacos quando já se tinha decretado morte. Não há coisa melhor do que ver a ferida se curando quando você já tinha se conformado em seguir mancando, cansada, se arrastando. Eu quero ver onde o caminho vai dar. Onde o caminho que eu mesma fiz pra mim vai dar. A vida tá pedindo, gritando alto pra voltar com toda a plenitude que ela merece. Eu seguro, peço calma ( mais?). Eu escrevo aqui com a vontade de gritar. Gritar na cara de alguns que me fizeram recuar. E gritar pra mim mesma de alívio. Escrever é catarse também. Catarse de extravasamento. Lembro-me do estilo da Geração Ultra-romântica, onde pra ler um poema daqueles é melhor subir na cadeira e gritar os versos com toda a força que tiver no peito para, assim, tentar captar 10% que seja da emoção que esconderam nas letras.
Eu quis correr com o corpo mais rápido do que a alma podia acompanhar. Parei, deixei ela me alcançar. Sentir-se em casa novamente e tomar as rédeas de mim.
Depois de muito tapa, eu quero andar com pernas próprias novamente.
Quero sentir de novo o que reprimi durante esse tempo. Deixar as coisas virem como há de ser. Já dá pra enxergar um pouquinho do fim. Tem cara de luz. Se, mais perto, tiver cara de escuro, eu quero poder ser mais forte que isso.
" Mas pense no agora! Não sentes a repiração voltar ao ritmo? A cicatrização dar sinais de avanço? O sorriso inesperado brincar nos lábios de novo? "

Segura. Falta pouco.

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