quinta-feira, 26 de agosto de 2010

A cara da saudade

Dá pra ver a saudade sim. Não em forma de pessoa. É o corpo que te mostra. É como um trajeto sem saída.
Começa lá na cabeça, com os filminhos do cérebro. Tela de inquietudes passadas, transmitindo em cores a cara da saudade. Depois desce pros olhos. Primeiro vem vermelha, em forma de veiazinhas pulsantes que mais parecem pequenos rios das águas das tuas lembranças. Quando os rios transbordam, a saudade não sai vermelha não. Sai transparente. Tendo a fineza de se apresentar em cor pura, cristalina, inocente...o mais constrastante possível com os efeitos que causa. Continuando seu caminho, a saudade vem  brincar com a boca, causando a vontade de falar palavras que você nunca encontra. Ou de gritar pra quem não pode te ouvir. Ou de beijar os lábios de quem botava sorriso nos seus. Depois atinge a garganta, formando um nó. Sim, um nó que dói de tão apertado. Um nó salgado, que você não sabe se é na garganta ou no peito. Que diferença faz? O próximo passo é mesmo o coração! E quanto a este, me dê o direito de pular. Você bem sabe que o coração é alvo fácil, núcleo daquela dor que você tanto quer arrancar. Não se preocupe, são só uns machucados até a saudade descer pros braços e mãos, te dando a vontade de escrever, de discar, de ajudar a disfarçar a inundação dos riozinhos lá de cima. Não satisfeita, ela te faz querer abraços que não vão voltar nunca mais. Por último, é a vez das pernas. Vem a vontade de correr. Às vezes correr pra longe. Pra fora. Pro nada. Ou correr atrás de quem causou essa inquietude toda.

Ah, saudade. Faz a curva e volta fortalecida (mais?), pra mais uma viagem rasgando a alma de quem procura paz!

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