Saí olhando pros lados, com o coração vibrando o peito, ainda me recompondo do mergulho que demos no mar bruto dos nossos encontros. Senti o cheiro da noite quente, ouvi o barulho da vida que acontecia lá fora, com o vento morno refrescando meu corpo que ardia em suor e perfume. Exalava meu cheiro de mulher; de uma pele remexida que se escondera do sol de um domingo vulcânico e que, agora, ao sair pro mundo comum novamente, se assustava com a noite que nem viu chegar.
Uns gatos se embrenhavam sorrateiros em ruelas enquanto eu passava, camuflando-se nos restos aquecidos do dia. Assim como nós, estavam sempre atentos. Eu tentava me camuflar como os gatos, saindo do seu mundo pelo portão branco e me escondendo das primeiras luzes da noite, sem graça de vê-las acordar enquanto eu perdia a noção do tempo. Mas eu já não podia me esconder de nada. As luzes saíam de dentro de mim e todo mundo notava o brilho nos meus olhos, a batida no peito e o cheiro da pele aquecida a descansar. De qualquer canto da cidade ouvia-se a música que tocava no meu Domingo. Passei por uma igreja e até quis falar com Deus. Mas não sei o que Ele pensa e eu talvez não queira ouvir ninguém por hoje. Eu quero ouvir a música que você fez tocar no meu Domingo. Quero pular no mar bruto que descobrimos, sem pensar no perigo que essas águas podem ter. Por vezes, tenho medo desse mar que encontramos, mas você vem e me arrasta e todo o medo vai embora. Então, como os gatos destemidos da noite que não vimos nascer, dançamos no caos como se não houvesse amanhã. Depois corremos de volta pra vida de antes, fingindo não saber que todos os dias, agora, são Domingos de calor.
Que orgulho da minha poeta s2
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