Do catálogo de filmes em cartaz na minha cabeça, tenho agora este aqui que envolve muito dos teus olhos percorrendo o meu rosto, iluminados pela meia luz com que suas luminárias criativas banham a casa. Você é de pouquíssimas palavras, porém de uma linguagem corporal que fala como um contador de histórias a entreter uma plateia interessada como eu.
Neste novo filme, seus olhos exploraram meu rosto tão de perto que eu podia apenas me concentrar no que dizia um de cada vez. E diziam muito. Conversavam comigo curiosos. Por vezes, sorriam discretamente e, em seguida, voltavam a trabalhar garimpando minhas linhas de expressão. A cada vez em que você passeava por outras curvas e voltava a fitar meu rosto bem de perto, parecia que algo novo te atiçava a curiosidade mesmo em território já conhecido. Me senti o próprio rio de Heráclito, no qual não se pode entrar duas vezes. A cada mergulho que você dava, só com os olhos de ressaca, eu me sentia um dos seus livros, do qual você folheava páginas de pele, osso e alma. E toda vez em que voltava a se concentrar no livro, uma brisa com cheiro de nova te fazia cair em uma parte diferente dessa leitura sem fim.
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