Lembro que ano passado, bem nessa época do ano, eu retornava ao Brasil depois de viver o ano mais marcante da minha vida. O carnaval, vocês sabem, talvez seja a melhor época para retornos difíceis como esse. Quero dizer que, na ocasião daquele retorno, eu precisava de uma felicidade externa gritando por aí pra me fazer acordar e viver o dia de forma quase natural. Se dependesse apenas de mim, as coisas meio cinzas que eu carregava aqui dentro não seriam suficientes para me fazer levantar. Sendo assim, eu fui lembrando pouco a pouco, no meio daquele monte de gente feliz, que sorrir em qualquer parte do mundo é necessário. Por mais que estivesse decidida a manter minha cara fechada, alguma fantasia engraçada me contraía o canto da boca e a purpurina na cara até que ficava legal. O carnaval de 2016 me carregou nos braços e me deu além de boas vindas, uma injeção de ânimo.
Este ano, entretanto, escolhi sair do núcleo da folia pra uma breve injeção de ar puro, grama e cheiro de chuva com terra. Fui notando que olhar pra você acordando numa barraca apertada acelerava o coração e simulava as baquetas golpeando os surdos nas ruas. Era festa em mim como há muito eu não presenciava. Não tinha fila pro xixi nem ninguém pisando no pé, mas alguns contratempos fizeram parte do meu feriado do jeitinho que manda o figurino de qualquer carnaval. Falamos com desconhecidos, gastamos mais do que o planejado, bebemos pouca água e vimos o tempo sair voando como é clássico desses dias de festa. Eu queria multiplicar as horas do jeitinho que desejam todos os amantes da melhor época do ano.
Eu que outrora precisei desse feriado como fuga de um momento ruim, hoje utilizava esses dias como reprodução perfeita do meu Agora. Não te vi de fantasia durante o meu carnaval, mas qualquer figurino perderia o sentido pro quão real você é.
Desta vez, quando chegou a quarta de cinzas, sorri quietinha ao acordar e perceber que meu carnaval tem purpurina pra durar daqui pra frente.
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