Eu costumava pensar que tudo na vida que mexe muito com a gente precisa de um tempo pra ir embora. Não é mágica, não é piscar os olhos e nem acordar no dia seguinte pra nos vermos livres dos pensamentos.
A questão é, então, por quanto tempo trabalharemos pra ir tirando aos poucos aquilo de dentro de nós. Dose homeopática, eu sei. De pouquinho em pouquinho. Que nem criança pra tirar um curativo...não consegue puxar tudo de uma vez só. Ainda que tenha que sentir cada pontadinha de dor espaçadamente. Pois bem...eu estava indo aos poucos. Permitindo que minha cabeça e coração tomassem seu tempo.
Acontece que um dia cansamos.
Nos vemos suspirando por aquilo que um dia era a razão de nossa disposição.
Simplesmente, então, abrimos mão. Paramos de correr. E sentamos no meio-fio.
E pela primeira vez não há choro.
Nó na garganta.
Nem nada.
É algo parecido com quando vamos pegar um ônibus parado no ponto à distância. Ele acelera, sem esperar. Então corremos atrás. E corremos. E corremos. E corremos...
Até que, um hora, simplesmente paramos. Voltamos pro ponto e esperamos o próximo.
Acho que me sinto assim agora.
Parando de correr.
E, incrivelmente, sem a sensação de derrota.
Eu pensava que toda desistência era sinal de derrota.
Dessa vez não...
Eu estava serena.
Com a tranquilidade que tanto havia procurado.
E justamente quando paro de procurar por ela, ela vem cair na minha mão. Me alisar o cabelo. Enxugar o suor. E me abraça forte, finalmente dizendo baixinho:
"Tudo bem, meu bem."