segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Retornando (à vida)

O que mais me assustava em você não eram suas atitudes propriamente ditas. Não eram os atos. Não eram os erros, como faz todo ser humano que se preze. Nada disso, meu bem, deixa de ser digno de conversa, de calma e de vontade de perdoar no mundinho de coisas comuns que eu carrego dentro de mim. 
O que me faz ir embora de verdade, me ataca e me derruba num só golpe, é o assustador contraste entre seu discurso e suas ações e, principalmente, a estranha insistência em abraçar o orgulho com unhas e dentes e não deixar escapar um reconhecimentozinho sequer de que, possivelmente, algo de errado aconteceu.

Eu costumava dizer aos curiosos que perguntavam por mim nesse último mês que eu não havia viajado sozinha. Dizia isso com sorriso no rosto e coração aberto, não porque carecesse de sanidade, mas porque eu tinha levado você comigo. E todos os dias eu acordava e via você sorrindo pra mim. Eu dava um bom dia já rotineiro, brindava meu chopp com você pela noite e curtia a saudade como quem sabia que o abraço da volta ia valer a pena. Que a sintonia do vinho, da Lagoa Rodrigo de Freitas e de você numa tarde carioca iriam valer a pena. Pois você tinha essa coisa, de apagar tudo de ruim que o dia tivesse oferecido e virar uma recompensa materializada. Você me inseriu num mar de carinho, confiança, muito riso e muita farra, me assegurando que estava tudo bem. 
Mas o problema, meu bem, foi que você um dia quis sair sem dizer por que. Sem achar estranho. Sem se incomodar. Você só cansou e, entre descansar logo ou me ajudar a levantar da queda, você preferiu o primeiro. Acho que porque sabe que dor dá e passa. Seja lá o que realmente pensou na hora, talvez não mereça tanta importância agora.

O que importa é que voltei. E amanhã começo a matar a saudade que tanto me matou nessas semanas. Não de você. Mas do meu Rio de Janeiro, que faz a vida ser bonita fora de mim. E que, em vez de deixar os olhos se embaçando com água, faz a gente rir e se orgulhar. Deixa tudo pra lá então, e vamos viver.

Se Roberto Carlos me permite uma adaptação: quero que você me esqueça nesse inverno, e que tudo mais vá pro inferno.




4 comentários:

  1. curti o template novo... consigo ler sem ficar vendo fantasmas haha

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    1. hahahaha eu também tava vendo umas paradas depois de ler. Melhor agora.

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  2. keep calm.
    what goes around, comes around.
    porque como costumam dizer: karma is a bitch.

    L.

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  3. Adorei, luiza!
    Acho bonito como vc se expõe no seu blog. E sem exibicionismo. Com generosidade mesmo.

    ps: de fato, o rio faz a vida ser bonita fora da gente. Tava pensando nisso hj olhando a Lagoa decidir se queria chover ou fazer sol.

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