quarta-feira, 11 de abril de 2012

Gosto de menta


Precisava de alguma coisa que fosse assim inesperada. Como criança agitada, ela não suportava muito do mesmo. A rotina que, no início, vinha com os bons ares da organização e da disciplina, logo se transformava no ponto que ela mais queria eliminar da sua curta e única vida. Precisava, assim, acordar um dia com um sol brilhando em verde. Todas as árvores amarelas e um brilhante e inesperado talento para música. Queria sair andando em ré, falando árabe e sendo destra. Precisava de algo atípico, de um susto grande, de uma surpresa da vida que não tivesse nenhuma outra intenção além do simples prazer de desconcertar. Não precisava ser coisa grandiosa...ela nunca exigiu muito além da felicidade.
Pois bem. Podiam ser aqueles sustos de quando uma formiga te pica na grama, quando uma castanhola estala em cima do carro ou quando o beijo tem gosto de menta.

"Só pra sair da rotina" - pensava, como quem reza uma prece.

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