O que quero escrever já passou. Digo, no tempo, não na cabeça. Geralmente venho aqui gritar quando a ferida ainda está aberta, pulsante, viva e fresca. Mas dessa vez a nova rotina só me deixou vir hoje. E como toda dorzinha, por menor que seja, deixa uma leve cicatriz, ainda vale mexer nela por aqui.
Um dia desses falei sobre gelo. Gelo interno, entende. Agora, abraçando a inconstância, quero falar de fragilidade. Porque resolveram tocar num espaço reservado, mexeram no calo que eu não sabia que carregava aqui comigo. E aí, meu amigo, a sensação estranha de repentinamente derramar água pelo olho é incontrolável. E eu, cheia de mim, achava que isso não era de lei. Mas é. Eu, você, todos eles têm um cantinho assim escondido, onde qualquer armadura vira pó. E a gente mantém a postura e fica de pé quando ninguém vem mexer onde não deve. Provocar o que não conhece. Explorar sentimentos dos quais não têm posse. São meus. Não venha testar. Não venha confundí-los, explorá-los mais do que o seu braço te permitiu alcançar. Muita coisa aqui não é sua. Então não me venha tentando acertar a senha desse cadeado. Cada erro, pra mim, é um golpe atrevido teu. Que veio apressado, mexer onde não deve. Que nem criança pequena, que sempre cai no chão quando tenta correr mais que as pernas.
Muito bom.. Parabéns.
ResponderExcluirContinua escrevendo de maneira a cativar os que te leem. Gosto de seguir seus escritos.Não importa que representem gritos sufocados ou gelos derretidos. E boa sorte na sua nova rotina.
ResponderExcluirHieróglifa