Eu costumo pensar que temos um quantitativo de energia para cada dia de nossa rotina. É como se Deus, ao acordarmos, nos desse um saquinho de energia para o dia (física, mental e emocional) e dissesse, no meio do nosso banho ou da xícara de café, o conselho mais importante que existe: "utilize-a bem". Ganhamos saquinhos mais robustos nas sextas-feiras, enquanto que, nas segundas, temos que saber lidar com a escassez. Às vezes, quando estamos craques na utilização da energia com sabedoria, adquirimos o incrível poder de doar um pouquinho a quem, por algum motivo, está se sentindo prejudicado na distribuição. Injetamos as ampolas de ânimo e coragem que nos sobram quando queremos resgatar alguém de uma fase cinza e chuvosa. Fazemos isso com palavras, com abraços, com carinhos, com surpresas, com um beijo ou com qualquer outro artifício do qual estamos magicamente munidos em alguns momentos da vida.
Pois bem, mesmo sabendo da minha lógica dos saquinhos e mesmo ouvindo o conselho de Deus, eu estou acabada.
"Acordo" e repito um segredo economizador de energia pro resto do dia: "selecione suas lutas! Às vezes, vale mais a pena estar calado do que estar certo". Mas teimo em transgredir o que eu mesma me disciplinei a fazer. E lanço jatos de energia em discussões infindáveis e procrastinações do estudo.
Saio procurando acertar e canalizar a energia da melhor maneira. Mas erro com quem me faz bem, erro os prazos a cumprir e erro a dose do cochilo.
Precisa haver uma pausa, um congelamento na cena ou um intervalo urgente. Porque, por agora, eu me canso e esgoto o meu saquinho de energia num piscar de olhos, de modo que, quando chega o meio do dia, já estou aceitando doações.