Dentro d'água, no fim de tarde dessa sexta-feira azul, parecíamos crianças quando soltas em um parque. Enquanto você mantinha a atenção nas ondas brutas e os pés firmes no chão, eu já havia me desprendido dali e a cabeça voava longe, como era de praxe acontecer, deixando sempre um sorriso bobo no rosto pra servir de interface com o mundo que acontecia sem se dar conta da minha pausa.
Eu pensava, naquele momento, como o mar agitado que aproveitávamos diferia das águas calmas que eu levava na alma. Dentro de mim, eu carregava um mar sereno e tranquilo, enquanto o corpo sacolejava na espuma salgada e gélida. Fosse uns dias atrás, a bagunça daquele mar traduziria nada menos que o meu interior sem rumo algum. Mas agora não. A tempestade recente começava a dar lugar ao sol e a algum cenário que acaricia a vista de tão bonito que é.
Paz nas águas. Era assim que eu me sentia. Um mar calmo era o que eu aproveitava com você agora. Paz sem tédio, sabe? Sem querer sair do barco e sem aguardar ansiosamente um grande evento inesperado. Paz sem tédio...nem lembrava mais como podia ser possível.