Todo dia me pergunto que sensação é essa que vem quando alguma coisa chega ao fim. Por que a cabeça não pode estar logo ansiosa pelo que vem pela frente e, em vez disso, fica um tantinho presa àquilo que já foi embora? Penso que, talvez, as coisas quando não são vividas com 100% de aproveitamento ganham um lugar na memória e te alfinetam sempre com a lembrança.
Mas então lembrei que quando vivemos com o máximo de vigor que pode existir dentro de nós, também há essa sensaçãozinha. Um nó na garganta. Uma mini agonia porque algo chegou ao fim.
O que não entendemos é que sempre caímos nessa mesma armadilha. De que as coisas terminam na semana 1, fulano foi embora no dia 4 e a viagem acabou no mês 5. Na verdade, não temos o real conhecimento sobre o tempo das coisas. Não é você quem dita as regras do relógio. É por isso que aquilo que pra nós é a saudade, na verdade, na verdade, é só um modo de as coisas da vida continuarem vivas. Uma maneira de a vida andar no seu ritmo. Te provocando como bem quer. Sempre mutante...existe um pouquinho em experiências, seguindo o mesmo tempo que você. Deixando seu corpo ser cobaia dos acontecimentos. E depois, a vida encarna na memória. Vira um filme, um espetáculo. E você ainda chama de saudade...é a mesma fase ali vivinha. Só vestida de outro jeito. Você não perdeu nenhum detalhe.
Garanto que você já fechou os olhos pra uma dessas lembranças. E sentiu, novamente, o corpo participando daquilo que passou. Dando sinais de leve, às vezes, com lágrima, com sorriso de canto de boca ou até com riso alto que chama olhares pra você. É nessa hora que o corpo brinca, te trazendo confusão acerca do limite, nunca muito bem esclarecido pra mim, entre o sonho e a experiência em si.